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A Jornada do Último Guerreiro - Livro 01

Capítulos 36

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A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 35

A Sombra na Floresta

 

Tao movia-se com passos leves e precisos, suas botas mal tocando o chão coberto por folhas e galhos secos. O som do vento entre as árvores era o único aliado que tinha, mascarando os ruídos ocasionais de sua respiração controlada. Ele sabia que qualquer deslize poderia denunciá-lo. O exército de Feng estava perto, suas vozes e passos ressoando pela floresta como um aviso constante de que o perigo estava sempre à espreita.

—    Certifiquem-se de que nenhum sobrevivente escapa! — gritou uma voz masculina, áspera e autoritária, cortando o silêncio.

O coração de Tao disparou. Ele rapidamente se abaixou, escondendo-se atrás de um tronco caído coberto de musgo. Pela brecha entre os galhos, conseguiu ver três soldados caminhando em formação. Eles usavam armaduras leves de couro reforçado, perfeitas para movimentação na floresta, e carregavam lanças e espadas curtas.

—    Estão vasculhando cada canto... — sussurrou Tao para si mesmo, seus olhos percorrendo os arredores em busca de uma rota de fuga. Ele não podia lutar contra eles, não sozinho. Não apenas pela desvantagem numérica, mas porque cada segundo parado ali era um segundo a menos para avançar rumo ao seu objetivo.

Ele olhou para o alto das árvores. O dossel era espesso, mas aqui e ali havia galhos robustos que poderiam sustentar seu peso. Era uma ideia arriscada, mas talvez a única forma de escapar. Enquanto os soldados se aproximavam, Tao prendeu a respiração e escalou o tronco ao lado, suas mãos firmes apesar do suor. O som das folhas farfalhando pareceu ensurdecedor aos seus próprios ouvidos, mas ele continuou, movendo-se com a precisão de um caçador.

Lá do alto, ele conseguiu ter uma visão melhor do terreno. A patrulha não era grande, mas Feng havia espalhado seus homens estrategicamente. Grupos de três ou quatro soldados se movimentavam em linhas paralelas, vasculhando cada metro da floresta com disciplina. Tao percebeu que precisaria de algo mais do que apenas silêncio para passar despercebido.

Ele esperou, agachado em um galho grosso, enquanto os três soldados abaixo paravam perto de sua antiga posição.
 
—    Parece que alguém passou por aqui — disse um deles, apontando para marcas no
chão.

Wang prendeu o fôlego. Ele não havia percebido que deixara rastros.

—    Rastros recentes — acrescentou outro. — Sigamos para o norte.

Os soldados se afastaram, mas Tao sabia que era apenas uma questão de tempo até que outros patrulheiros encontrassem seus rastros. Ele precisava agir rapidamente. Descendo silenciosamente da árvore, ele começou a se mover em direção oposta ao grupo, mas com cautela redobrada.

Enquanto avançava pela floresta, Tao começou a formular um plano. Ele sabia que, se continuasse apenas fugindo, seria questão de tempo até ser encurralado. Ele precisava distrair os soldados, confundi-los e, talvez, até diminuir o ritmo de busca.

Logo, encontrou o que precisava: uma pequena clareira com uma pilha de galhos secos e folhas acumuladas. Tao pegou duas pedras e começou a bater uma contra a outra, criando faíscas. Ele trabalhou rápido, observando a fumaça começar a subir enquanto o fogo se espalhava pelos galhos.

Quando as chamas estavam altas o suficiente, ele recuou, escondendo-se novamente na floresta.
Não demorou muito para que os soldados notassem a fumaça.

—    Fogo! — gritou uma voz ao longe.

Tao observou com atenção enquanto vários grupos começaram a se mover na direção da clareira. Ele sentiu uma pontada de alívio ao ver que seu plano havia funcionado, mas sabia que isso só lhe compraria tempo. Ele precisava continuar se movendo.

Enquanto corria pela floresta, sua mente voltou para as lições de sobrevivência que seu pai lhe ensinara. Cheng sempre dizia: "— A floresta é viva, filho. Ela pode ser sua aliada ou sua inimiga, dependendo de como você a trata."

Tao começou a usar tudo o que a floresta oferecia. Ele passou por um riacho raso e se abaixou para molhar as botas e as mãos, apagando qualquer traço de odor que pudesse ser seguido por cães farejadores. Subiu colinas íngremes, desviando de caminhos fáceis que pudessem ser usados pelos soldados. A cada passo, ele estava mais consciente de que a floresta não era apenas um refúgio, mas também um campo de batalha silencioso onde cada decisão contava.

Após o que pareceram horas, ele encontrou uma caverna parcialmente escondida por vinhas. O interior era escuro e úmido, mas profundo o suficiente para esconder-se enquanto descansava. Ele entrou devagar, certificando-se de que não havia nenhum animal ou outro perigo à espreita.

No fundo da caverna, ele se sentou, encostando-se na parede de pedra. Seu corpo doía, e a exaustão ameaçava dominá-lo, mas ele sabia que não podia se dar ao luxo de relaxar completamente.

Ele tirou a Pérola de sua bolsa, segurando-a na palma da mão. O brilho suave e pulsante parecia mais intenso ali dentro, como se a escuridão amplificasse sua luz.

—    Você é o motivo de tudo isso — sussurrou ele, sem saber se falava com a Pérola ou consigo mesmo.

A mesma voz familiar da entidade ecoou em sua mente.

—    E também será sua salvação.

Wang suspirou, guardando a Pérola novamente. Ele sabia que a entidade estava certa, mas a ideia de que sua vida agora girava em torno daquele artefato ainda era difícil de aceitar.

Enquanto se preparava para sair da caverna e continuar sua jornada, ouviu passos ao longe. Seu coração disparou. Ele rastejou até a entrada da caverna, espiando através das vinhas. Um grupo de soldados estava passando perto, suas armaduras refletindo os últimos raios de sol que penetravam na floresta.

—    Dividam-se! Ele não pode estar longe! — ordenou o líder.

Tao apertou os punhos, recuando para a escuridão da caverna. Ele sabia que não poderia ficar ali por muito tempo. Precisava continuar se movendo, mas, antes disso, precisava de um plano melhor.

Ele fechou os olhos, respirando fundo. A floresta podia ser uma armadilha, mas também podia ser um escudo, se ele a usasse a seu favor.
 
E então, uma ideia surgiu. Ele abriu os olhos, determinado. Não seria capturado. Não enquanto ainda tivesse forças para lutar.

Com passos silenciosos, Tao saiu da caverna, desaparecendo mais uma vez na sombra da floresta. A caçada continuava, mas ele estava preparado. Ele não era apenas uma presa; era uma sombra em movimento, um sobrevivente determinado a cumprir sua promessa, custasse o que custasse.

 

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