A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 23

A noite caía sobre a vila, trazendo um manto de silêncio que apenas era quebrado pelo farfalhar das folhas e o canto distante de algum pássaro noturno. Tao se encontrava deitado em sua cama, os olhos fixos no teto de madeira. A conversa com seus pais ainda reverberava em sua mente, mas a inquietação que o consumia não lhe permitia descansar. O espião, a entidade, e as visões de perigo pairavam sobre ele como nuvens escuras.

—    Por que eu não consigo me livrar disso? — murmurou para si mesmo, fechando os olhos na esperança de encontrar um pouco de paz.

Mas a paz não viria. Um sussurro suave começou a se infiltrar em sua consciência, crescendo em volume e clareza, até que ele soube que não poderia ignorá-lo. A entidade estava de volta, como uma presença familiar, mas ao mesmo tempo inquietante.

"Tao..."

A voz ressoava em sua mente, um eco de algo profundo e ancestral. Ele se levantou da cama, sentindo a gravidade do chamado.

—    O que você quer de mim? — perguntou ele, o tom mais desafiador do que pretendia. "A verdade está escondida sobre a superfície de sua vila."

Tao sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele se levantou e se dirigiu à janela, observando a escuridão que envolvia a vila, como se um segredo oculto estivesse à espreita entre as sombras.

—    O que você quer dizer com "escondida"? O que há de tão importante na minha vila?

"Um legado, Tao. Um artefato que foi passado de geração em geração, um tesouro que muitos desejam, mas poucos conhecem. A Pérola Celestial."

O nome ecoou na mente de Tao como uma melodia antiga. Ele se lembrava de histórias que sua avó contava sobre um artefato mágico, mas sempre achou que eram apenas lendas. Agora, a ideia de que a Pérola realmente existia e que poderia ser a chave para entender os recentes acontecimentos o intrigava.

—    A Pérola Celestial? O que ela faz? — perguntou, a curiosidade tomando conta dele. "Ela possui o poder de conectar o mundo físico ao espiritual, de trazer equilíbrio às forças que o cercam. Mas, em mãos erradas, pode trazer destruição."

Tao sentiu o peso das palavras da entidade. A ideia de que algo tão poderoso poderia estar escondido em sua vila o deixava ansioso, especialmente com o espião à solta.
 
—    E por que você está me dizendo isso agora? O que eu tenho a ver com a Pérola?

"Você é o escolhido, tao. Somente aqueles com um coração puro e um espírito forte podem encontrar a Pérola e protegê-la. Mas você deve estar atento. O espião que viu não está aqui por acaso."

A revelação caiu sobre ele como um balde de água fria. As peças do quebra-cabeça começaram a se unir em sua mente. O espião, os rumores de saqueadores, as visões inquietantes… tudo parecia estar conectado.

—    O que eu devo fazer? Como posso encontrá-la?

A entidade fez uma pausa, e tao sentiu uma pressão crescente em seu peito, como se algo estivesse sendo exigido dele.

"A Pérola não se revela a qualquer um. Você deve provar seu valor. Vá até a antiga árvore no coração da floresta ao amanhecer. Lá, você encontrará pistas que o levarão a ela."

O coração de Wang acelerou. Ele sabia que essa era sua chance, uma oportunidade de proteger sua vila e desvendar os mistérios que a cercavam. Mas a ideia de enfrentar o desconhecido também o assustava.

—    E se eu falhar? E se o espião me impedir?

"Você não está sozinho. A luz do passado irá guiá-lo, e o espírito da Pérola o protegerá, desde que você mantenha o foco e não deixe o medo dominar seu coração."

—    Obrigado, — disse ele, com a determinação crescendo dentro de si. — Vou encontrar a Pérola.

Não deixarei que nada ou ninguém ameace minha vila.

A voz da entidade se tornou mais suave, quase como um sussurro de encorajamento. "Confie em si mesmo, Tao. A verdade está ao seu alcance."

Com isso, a presença da entidade começou a se dissipar, e Tao sentiu uma onda de coragem e clareza invadindo seu ser. Ele se deitou novamente, agora com um propósito renovado. O amanhecer traria não apenas luz, mas também a oportunidade de mudar o destino da vila.

Naquela noite, Tao sonhou com imagens da Pérola Celestial. Ele a via brilhando intensamente, emanando uma luz dourada que iluminava a floresta. Via-se em sua busca, enfrentando desafios, mas sempre com um espírito forte ao seu lado. O que antes parecia um fardo agora era um chamado, uma missão que ele estava mais do que disposto a aceitar.

Quando o primeiro raio de sol atravessou as janelas de seu quarto, Tao estava acordado, preparado e decidido. Ele vestiu-se rapidamente, seu coração batendo com um misto de nervosismo e expectativa. A jornada para a antiga árvore começava agora.

Enquanto caminhava pela floresta, os sons da manhã começaram a despertá-lo para a beleza ao seu redor. Os pássaros cantavam alegremente, e o aroma fresco da terra molhada o preenchia com uma sensação de renovação. Mas a pressão em seu peito persistia, um lembrete constante da responsabilidade que agora carregava.

Finalmente, ele chegou ao local da antiga árvore. Era majestosa e imponente, suas raízes se espalhando como braços protetores pelo chão. Tao se aproximou, sentindo uma energia vibrante emanando dela. Ele se ajoelhou e, tocando a casca rugosa da árvore, sussurrou:

—    Estou aqui para encontrar a Pérola Celestial.

A resposta veio em forma de um suave sussurro, como o vento que passava pelas folhas. Wang fechou os olhos e se concentrou, buscando a conexão que a entidade havia mencionado. Em seu coração, ele sentia uma força crescente, como se a própria árvore o estivesse reconhecendo.

Após alguns momentos, uma luz suave começou a brilhar entre as raízes. Tao abriu os olhos e viu uma pequena abertura na base da árvore, onde uma luz dourada emanava. Ele se aproximou, o coração acelerado, e viu um objeto reluzente parcialmente coberto por folhas e terra. Era a Pérola Celestial.

Com um gesto cuidadoso, ele retirou a Pérola da terra. O brilho dela era hipnotizante, e Tao sentiu uma onda de energia percorrendo seu corpo, como se a Pérola estivesse se conectando a ele.

—    Eu te protegerei, — prometeu, segurando a Pérola contra o coração. — Ninguém irá ameaçar minha vila enquanto eu estiver aqui.