Skip to main content

A Jornada do Último Guerreiro - Livro 01

Capítulos 36

© Todos os direitos reservados.

A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 18

O Presságio Sombrio

Tao, ainda pensativo após a conversa com sua mãe, sentou-se à mesa da cozinha. Mei havia voltado aos afazeres da casa, e por um breve momento, tudo parecia ter voltado ao normal. Porém, Tao sabia que nada mais seria o mesmo. A presença constante da entidade dentro de si trazia um peso que ele ainda estava aprendendo a carregar.

A porta da casa se abriu com um leve rangido, e Cheng, o pai de Tao, entrou com um semblante sério, o que imediatamente chamou a atenção de Tao e Mei. Havia algo de incomum no jeito como ele caminhava. Mei percebeu de imediato.

—    O que aconteceu, Cheng? — Mei perguntou, aproximando-se do marido. — Você parece preocupado.

Cheng respirou fundo, passando a mão pela testa, onde pequenas gotas de suor se formavam, apesar da brisa fresca da tarde.

—    A vila Liang está em alvoroço — ele começou, a voz grave. — Um grupo de mercadores chegou esta tarde, pedindo refúgio. Eles estavam fugindo... disseram que saqueadores destruíram aldeias ao redor.

Tao, que até então estava quieto, sentiu uma onda de tensão percorrer seu corpo. Ele se levantou da cadeira, sentindo o perigo que se aproximava, mesmo antes de ouvir o resto da história.

—    Saqueadores? — ele perguntou, os olhos estreitados. — Onde isso aconteceu?

—    Nas aldeias ao norte e ao leste da nossa foram devastadas, — Cheng respondeu, sentando-se à mesa com um ar cansado. — Esses mercadores escaparam por pouco. Eles disseram que esses saqueadores são violentos e bem organizados, não são apenas bandidos comuns.

Mei colocou a mão no peito, visivelmente preocupada.

—    Oh, céus... E eles estão vindo para cá?

—    Eles não sabem — Cheng respondeu, balançando a cabeça. — Mas o medo já começou a se espalhar. A vila está inquieta. Ninguém sabe quando, ou se, esses saqueadores chegarão, mas... todos estão se preparando para o pior.

Tao, ainda de pé, cruzou os braços e olhou para o chão, o cérebro trabalhando rápido. Uma parte dele sabia que havia algo mais sinistro em tudo aquilo. Com o recente encontro com a entidade e a revelação de que algo maior e maligno estava a caminho, ele não conseguia afastar a sensação de que esses eventos estavam conectados.
 
“Você está ouvindo isso?” Tao perguntou mentalmente à entidade. “Esses saqueadores... Isso faz parte do mal que você disse que enfrentaríamos?”

Por um breve momento, a entidade permaneceu em silêncio, como se estivesse ponderando a situação. Então, a voz familiar ecoou na mente de Tao, carregada de uma calma que contrastava com a tensão crescente ao redor.

“Talvez...” respondeu a entidade, vagarosamente. “Mas ainda é cedo para afirmar com certeza. As informações que seu pai trouxe são poucas. Esses saqueadores podem ser uma ameaça comum, mas também podem ser a ponta de algo muito mais sombrio.”

Tao franziu a testa, insatisfeito com a resposta ambígua. Ele precisava de respostas concretas, algo para trabalhar, mas a entidade parecia tão no escuro quanto ele.

“Então, o que fazemos?” Tao insistiu. “Precisamos nos preparar para o pior? Ou esperar mais informações?”

A entidade soltou um leve suspiro, como se estivesse refletindo profundamente.

“Você deve permanecer vigilante, mas não se precipitar. Há uma tempestade se formando, isso eu sinto. Mas se esta ameaça está diretamente ligada ao mal maior que enfrentaremos, ainda não posso dizer. Por ora, prepare-se, mas não revele tudo o que sabe. Suas forças precisam ser guardadas para o momento certo.”

Tao assentiu levemente, ainda pensativo. Ele sabia que tinha que manter a calma e não alarmar seus pais ou os outros moradores da vila. No entanto, também sabia que não podia ficar parado e esperar o caos chegar até eles.

—    Nós temos que nos preparar, — Tao disse em voz alta, interrompendo a conversa entre seus pais. — Não podemos ser pegos desprevenidos se esses saqueadores vierem para cá. Eles destruíram outras aldeias, e não há razão para acreditar que não atacariam a nossa também.

Cheng olhou para o filho com um olhar grave, mas compreensivo.

—    Eu já falei com alguns homens da vila, — ele disse. — Vamos reforçar as defesas e aumentar a vigilância nos limites da vila. Mas não podemos espalhar pânico. A última coisa que precisamos é de histeria entre os moradores.

—    Eu ajudo no que for preciso, — Tao ofereceu, firme. — Posso coordenar com os outros jovens da vila para organizar turnos de patrulha. Não podemos esperar que eles ataquem de surpresa.

Cheng assentiu lentamente, reconhecendo a determinação nos olhos do filho. Ele sabia que Wang tinha se tornado mais do que apenas um jovem guerreiro. Algo havia mudado nele, algo profundo. E

Cheng sentia, mesmo sem saber os detalhes, que seu filho estava carregando um fardo maior do que qualquer um ali poderia imaginar.
 
—    Precisamos ficar juntos agora, — Mei interveio, tentando manter a calma no ar. — Não importa o que venha, enfrentaremos isso como uma família, como sempre fizemos.

Wang olhou para sua mãe e assentiu, mas o peso da responsabilidade já o consumia. Ele sabia que, mesmo com a união de sua família e da vila, a verdadeira batalha ainda estava para começar. E, de alguma forma, ele sentia que esse era apenas o começo de algo muito maior.

***

Enquanto a noite avançava, a vila permanecia em estado de alerta. Pequenos grupos de homens e mulheres caminhavam pelas ruas, conversando em voz baixa, cheios de dúvidas e receios. Tao observava tudo com um olhar atento, sua mente trabalhando incessantemente.
“Se eles realmente vierem...” ele pensou consigo mesmo, “não estaremos prontos para enfrentar uma onda de saqueadores bem organizados. Precisamos de mais do que apenas muros e espadas enferrujadas.”

A entidade, como se sentisse a preocupação crescente de Tao, interveio novamente. Wang, lembre-se: você não está sozinho. Eu estou aqui, e quando o momento certo chegar, você terá o poder que precisa para proteger esta vila. Mas o tempo de agir ainda não chegou. Por enquanto, observe e planeje. Este será um jogo de paciência.”

Tao respirou fundo, tentando encontrar conforto nas palavras da entidade. Ele sabia que, por mais poder que a entidade oferecesse, ainda havia muitos mistérios a serem desvendados. E enquanto esperava pelo desenrolar dos eventos, uma coisa era certa: o destino de sua vila, e talvez do mundo ao seu redor, estava em suas mãos.

***

Naquela mesma noite, enquanto o vento sussurrava pelas montanhas, a figura encapuzada que havia observado a vila nos últimos dias se movia silenciosamente pelos arredores. Os olhos do espião brilhavam na escuridão, atentos a qualquer movimento.

“Os saqueadores estão se aproximando,” ele pensou, sua mente conectada a distância Lorde Feng.

“Mas algo a mais está se movendo aqui... uma força que ainda não compreendo. Preciso de mais tempo para observar.”

Do outro lado da conexão psíquica, a resposta de Lorde Feng foi fria. “Continue observando. Quando o momento chegar, a destruição será completa.”

A sombra espiã permaneceu imóvel por um momento antes de se esgueirar novamente para as árvores, invisível aos olhos dos moradores da vila.

0.0/5 pontuação (0 votos)
Visualizações51


  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!

Deixe um comentário

Você está comentando como visitante.
  • Na Literaz, a leitura gratuita é possível graças à exibição de anúncios.
  • Ao continuar lendo, você apoia os autores e a literatura independente.
  • Obrigado por fazer parte dessa jornada!