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A Jornada do Último Guerreiro - Livro 01

Capítulos 36

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A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 20

Sonhos de Ruína

A noite estava silenciosa, e a vila Liang repousava sobre o manto escuro do céu estrelado. No entanto, o sono de Tao estava longe de ser tranquilo. Desde o dia em que a entidade entrou em seu corpo, seus sonhos tinham se tornado inquietos, cheios de visões nebulosas e sensações perturbadoras. Naquela noite, o sonho que o envolvia seria mais claro e intenso do que qualquer um que ele já havia experimentado.

No sonho, Tao estava em pé no alto de uma colina, observando sua vila à distância. Tudo parecia calmo à primeira vista, as luzes das casas brilhavam suavemente, e o vento leve balançava as árvores ao redor. Mas então, uma sensação de medo começou a crescer em seu peito, como se algo estivesse prestes a acontecer.

De repente, ele viu figuras se movendo na escuridão. Primeiro, eram apenas sombras vagas, mas logo se tornaram mais definidas. Guerreiros, cobertos com armaduras negras e portando armas afiadas, surgiram da floresta, avançando em direção à vila como uma onda de destruição. Seus rostos eram ocultos por elmos assustadores, mas Wang podia sentir a violência e o ódio que emanavam deles.

Ele tentou gritar, avisar os aldeões, mas sua voz não saía. Estava preso naquela visão, impotente, apenas observando enquanto os guerreiros invadiam a vila. Casas eram incendiadas, os gritos de homens, mulheres e crianças ecoavam no ar, e a terra tremia sobre o peso da brutalidade. O sangue escorria pelas ruas, misturando-se à lama, enquanto o caos tomava conta de tudo.

Tao correu, tentando chegar até sua casa, mas parecia que, quanto mais ele corria, mais distante ela ficava. Ele viu sua mãe, Mei, correndo em direção a ele, seu rosto contorcido de terror, mas antes que pudesse alcançá-la, uma lâmina perfurou seu peito. Ela caiu ao chão, sem vida, seus olhos fixos nos de Tao, enquanto ele gritava em agonia, incapaz de se mover.

O som metálico das espadas e os gritos ecoavam em sua mente enquanto tudo ao redor dele desmoronava. Seu pai, Cheng, também apareceu, lutando bravamente contra os invasores, mas foi sobrepujado. Tao viu a espada de um dos guerreiros descer sobre ele, cortando-o sem piedade.

—    Não! — Tao gritou no sonho, finalmente encontrando sua voz. — Isso não pode acontecer!

Os guerreiros então se viraram para ele, suas espadas brilhando à luz das chamas, e começaram a avançar. Tao tentou se defender, mas suas mãos estavam vazias, sem arma. Ele olhou para o céu, em desespero, enquanto a destruição consumia tudo ao seu redor.
 
Foi então que ele sentiu uma presença familiar. A entidade. Ela estava ali, observando com seus olhos invisíveis. “É este o futuro que você deseja evitar, jovem guerreiro? Esta é a realidade que você deve impedir.”

O chão tremeu, e a vila desmoronou em cinzas e fogo, engolida pela escuridão.

***

Tao acordou de repente, ofegante e coberto de suor. Seu corpo estava rígido, seus músculos tensos como cordas esticadas até o limite. Ele se levantou da cama, os lençóis úmidos de suor, o coração batendo violentamente em seu peito. Seus olhos estavam arregalados, a imagem da destruição da vila ainda gravada em sua mente. O cheiro de fogo, os gritos, a visão de seus pais mortos... tudo parecia tão real.

Ele levou a mão ao rosto, tentando se acalmar, mas o mau pressentimento persistia como uma sombra dentro de seu peito. O quarto estava mergulhado na escuridão, mas o silêncio da casa era reconfortante, uma pequena lembrança de que ainda estava tudo em paz, pelo menos por enquanto.

Sentando-se na beira da cama, ele fechou os olhos e respirou fundo. Foi então que a voz da entidade sussurrou em sua mente, fria e calculista.

—    Você viu o que está por vir, Tao. A destruição que os aguarda se nada for feito. Este é apenas um vislumbre do que o futuro pode trazer.

Tao apertou os punhos, a respiração ainda pesada.

—    Foi apenas um sonho... não pode ser real. — ele murmurou para si mesmo, tentando se convencer.

—    Sonhos muitas vezes revelam verdades ocultas, jovem guerreiro. O mal que eu senti nas terras ao redor está se movendo, e você precisa estar preparado. Aqueles guerreiros... a destruição que você viu... talvez seja apenas o início.

Tao sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele sabia que, apesar de tudo, a entidade tinha razão.

Algo maligno estava à espreita, e o tempo para agir estava se esgotando. Se aquele sonho fosse uma premonição, então a vila e todos os que ele amava estavam em grave perigo.

Ele se levantou da cama, incapaz de voltar a dormir, e foi até a janela. A noite lá fora parecia pacífica, mas a paz era enganadora. O vento carregava consigo um prenúncio de algo sombrio, algo que ele não podia ignorar.

—    O que devo fazer? Tao perguntou em sua mente, tentando buscar orientação da entidade.
 
—    Apenas continue alerta. Ouça seus instintos. As peças estão se movendo, e logo tudo se revelará.

Você terá que fazer escolhas difíceis, mas lembre-se... você carrega o poder dentro de si agora. Use-o sabiamente.

Tao assentiu para si mesmo, embora ainda estivesse cheio de incertezas. Ele sabia que a vila precisava ser protegida, e, de alguma forma, ele teria que ser o escudo contra o que estava por vir. O sonho não era apenas um aviso, era um chamado para a ação.

Olhou para o horizonte escuro, com um peso novo em seu coração. Não havia como voltar atrás. O futuro estava nublado, mas ele estava disposto a enfrentar o que fosse necessário para salvar sua vila e aqueles que amava.

Com esse pensamento, ele fechou a janela e tentou se preparar para o dia que estava por vir. O sonho havia revelado o quão frágil a paz realmente era, e Wang sabia que, a partir daquele momento, ele precisaria estar preparado para lutar — não apenas contra o mal do lado de fora, mas também contra as dúvidas e medos que carregava dentro de si.

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