A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 24
Sombras da Insegurança
Os dias que se seguiram à descoberta da Pérola Celestial foram marcados por uma tensão crescente na vila. O céu, que antes brilhava em um azul radiante, agora parecia carregado de nuvens escuras, como se a própria natureza estivesse refletindo o clima de inquietação que dominava os habitantes.
Tao sentia a pressão em seu peito aumentar a cada momento, como se um aviso iminente estivesse prestes a se concretizar.
Os rumores sobre a possibilidade de um ataque de saqueadores haviam se espalhado rapidamente.
As reuniões de emergência começaram a ocorrer com frequência na praça central da vila. Os líderes locais, visivelmente nervosos, discutiam sobre como fortalecer a segurança da comunidade. Tao, por sua vez, se envolveu ativamente nas preparações. Ele sabia que as verdadeiras ameaças eram muito mais profundas do que os saqueadores, mas o medo que permeava o ar não deixava espaço para que ele falasse sobre isso.
— Precisamos de barricadas mais fortes nas entradas da vila, — dizia Aiden, o chefe da guarda, gesticulando com os braços enquanto os homens se reuniam ao seu redor. — Se os saqueadores chegarem, precisamos estar prontos.
Tao ajudava na construção das barricadas, empilhando troncos de árvores e montando tábuas em pontos estratégicos. O cheiro de madeira cortada e terra revolvida preenchia o ar, mas a atmosfera estava longe de ser de camaradagem. Havia uma sensação de desespero nas faces de seus vizinhos, um medo palpável que tornava o trabalho mais pesado.
— Você acha que eles realmente virão? — perguntou uma mulher, sua voz trêmula enquanto ajustava uma tábua em um dos portões. Seus olhos estavam arregalados, refletindo a ansiedade que permeava a vila.
— Acredito que sim, — respondeu Wang, mantendo o tom firme. — Mas estamos prontos. A vila é forte.
No fundo de sua mente, porém, ele sabia que o perigo que rondava a vila ia muito além de um grupo de saqueadores famintos. A presença que ele sentia se aproximar era sombria e implacável, como um predador que se aproxima de sua presa. Ele tentou ignorar a sensação, mas o peso dela não saía de sua mente.
Os dias foram se arrastando, e Tao viu a preocupação tomar conta de seus amigos e vizinhos. As crianças, normalmente alegres e cheias de energia, agora estavam em silêncio, seus olhares vagando pelas ruas vazias da vila. As conversas, antes vibrantes, se tornaram sussurros cautelosos, como se as palavras pudessem chamar o perigo.
Naquela noite, enquanto os habitantes se reuniam para discutir as últimas estratégias, Tao decidiu que precisava ser honesto com eles. Ele se levantou, sentindo os olhares pesados sobre ele.
— Pessoal, — começou ele, a voz firme apesar da tensão. — Não podemos ignorar que há algo mais aqui do que apenas saqueadores. Algo muito mais sombrio está se aproximando da vila.
Os murmúrios se intensificaram, e Aiden franziu a testa, claramente incomodado.
— O que você quer dizer, Tao? — perguntou ele, a dúvida evidente em seu tom.
— Eu… eu vi um espião na floresta. E a entidade que me revelou a Pérola Celestial falou sobre um mal iminente que está à espreita. O que estamos enfrentando não é apenas um bando de ladrões; há algo muito mais perigoso que se aproxima.
O silêncio que se seguiu era quase palpável. Os rostos de seus vizinhos passaram de dúvida para preocupação, e as mãos começaram a se apertar em punhos.
— Você não pode estar falando sério, — disse uma voz do fundo. Era Mara, uma mulher idosa que sempre fora respeitada na vila. — Precisamos de planos e ações concretas, não de fantasias.
Tao sentiu uma onda de frustração. — Não é fantasia! Eu não sou o único que sente isso. O clima na floresta mudou. Eu posso sentir. Se não nos prepararmos para o que está por vir, estaremos perdidos.
A conversa se tornou um turbilhão de vozes e preocupações, cada um tentando expressar sua visão da situação. Tao viu a determinação de seus vizinhos se desvanecer diante do medo. Ele se sentiu impotente, mas ao mesmo tempo sabia que não poderia desistir. O futuro da vila dependia de sua ação.
— Olhem, — ele disse, tentando retomar o controle. — Se não acreditam em mim, pelo menos vamos trabalhar juntos para fortalecer nossas defesas. Se os saqueadores chegarem, não importa o que estamos enfrentando. Precisamos estar prontos.
Alguns assentiram, mas a maioria ainda olhava para ele com desconfiança. A sensação de urgência crescendo dentro dele era esmagadora. Ele não tinha tempo a perder.
Nos dias seguintes, Wang dedicou cada momento de seu tempo às preparações. Ele incentivou os habitantes a se organizarem em grupos, ensinando técnicas de combate e defesa. As noites foram passadas em vigília, com os sentinelas se revezando para garantir que nada escapasse de sua visão.
Mas, mesmo assim, ele não conseguia ignorar a sensação crescente de que o verdadeiro desafio estava se aproximando.
Naquela noite, enquanto o céu escurecia e a lua brilhava no alto, Tao se sentou na beira da floresta, o vento sussurrando entre as árvores. Ele olhou para a Pérola Celestial, que agora usava pendurada em um cordão em seu pescoço, e fechou os olhos, tentando se conectar com a energia que ela emanava.
— O que está por vir? — ele perguntou em voz baixa, esperando que a entidade pudesse lhe dar mais alguma orientação.
Mas em vez de respostas, ele sentiu uma onda de tristeza e preocupação, como se a própria Pérola estivesse lamentando o que estava por vir. Tao abriu os olhos, seu coração pesado com a percepção de que as sombras estavam se aproximando e que, não importa o quanto se preparassem, algo terrível estava a caminho.
Ele se levantou, decidido. Se o mal estava se aproximando, ele não iria esperar passivamente. Ele precisava agir, precisava ser o protetor que sua vila precisava. Com determinação, ele voltou para a vila, pronto para enfrentar as sombras que se aproximavam, mesmo que isso significasse entrar em um abismo desconhecido.
O destino da vila estava em suas mãos, e ele estava preparado para lutar por cada um
deles.
Indíce
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