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A Jornada do Último Guerreiro - Livro 01

Capítulos 36

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A Jornada do Último Guerreiro Capítulo 32

A Emboscada nas Sombras

A noite estava particularmente fria, e o silêncio que pairava sobre a vila Liang era inquietante. Tao puxou o casaco de lã para mais perto do corpo enquanto caminhava ao longo das barricadas. As tochas acesas lançavam sombras tremeluzentes nas madeiras improvisadas que protegiam o perímetro, mas a luz parecia frágil, como se pudesse ser engolida pela escuridão da floresta a qualquer momento.

Ele não estava sozinho. Ao seu lado, quatro jovens guerreiros da vila o acompanhavam, todos carregando lanças e espadas. Embora fossem corajosos, a tensão era visível em seus rostos. Nenhum deles era soldado treinado, apenas agricultores e pescadores que haviam tomado armas para proteger o que restava de suas vidas. Mesmo assim, havia um senso de determinação que Tao admirava.

—    Está muito quieto esta noite — murmurou Joren, um dos jovens guerreiros, segurando sua lança com mãos trêmulas. — Não gosto disso.

Tao assentiu. Ele também sentia a inquietação no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Desde o aviso de Lorde Feng, as rondas noturnas haviam se intensificado, e a tensão entre os moradores aumentava a cada dia.

—    Fiquem atentos — disse Tao, sua voz baixa, mas firme. — Se algo acontecer, não hesitem em soar o alarme.

Eles continuaram sua patrulha, avançando lentamente ao longo das barricadas. Wang mantinha os olhos fixos na floresta além da vila, onde a escuridão parecia viva. Ele sabia que Feng não fazia ameaças vazias. Seus espiões já haviam rondado a vila antes, e agora, a cada noite, parecia que a ameaça estava mais próxima.

Enquanto caminhavam, um som leve chamou sua atenção. Um farfalhar, quase imperceptível, vindo da floresta. Tao parou abruptamente, levantando a mão para sinalizar aos outros que ficassem quietos.

—    Ouviram isso? — ele sussurrou.
 
Os outros assentiram, seus olhos arregalados enquanto fixavam o olhar nas árvores à distância. O som veio novamente, desta vez mais próximo. Era como se algo ou alguém estivesse se movendo entre os arbustos, tentando se aproximar sem ser notado.

—    Fiquem juntos — ordenou Tao, apertando o punho em torno do cabo de sua espada.

—    E não abaixem a guarda.

Eles avançaram cautelosamente, os corações batendo forte. Tao sentia o suor frio na testa, apesar da noite gelada. Ele sabia que estavam sendo observados, mas não conseguia ver de onde.

De repente, um movimento rápido chamou sua atenção. Sombras se moveram entre as árvores, rápidas e silenciosas como predadores à espreita. Tao levantou a espada, seus olhos fixos no ponto onde vira o movimento.

—    Quem está aí? — gritou ele, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Mostre-se!

Por um momento, tudo ficou em silêncio. Então, a escuridão explodiu em ação. Figuras encapuzadas surgiram das sombras, movendo-se com rapidez e precisão. Tao mal teve tempo de reagir antes que um dos invasores o atacasse com uma lâmina curva. Ele bloqueou o golpe por instinto, o som do aço ecoando no ar frio.

—    Emboscada! — gritou Joren, recuando enquanto outro invasor avançava contra ele.

O caos tomou conta. Os jovens guerreiros tentaram lutar, mas os atacantes eram rápidos e bem treinados. Tao se viu cercado por duas figuras, suas espadas girando em movimentos fluídos e mortais. Ele desviou de um golpe e atacou com força, sua lâmina encontrando resistência quando atingiu a armadura de um dos inimigos.

—    Toquem o sino! Soem o alarme! — gritou Tao, tentando manter a compostura enquanto lutava.

Um dos guerreiros, um rapaz chamado Tevan, largou sua lança e correu em direção ao sino de alerta na torre próxima. Mas antes que pudesse alcançá-lo, uma flecha cortou o ar, acertando-o na perna. Tevan caiu com um grito de dor, agarrando-se ao ferimento enquanto o sangue manchava o chão.
 
Tao rangeu os dentes, sentindo a raiva crescer dentro dele. Ele sabia que estavam em desvantagem, mas não podia deixar que o pânico tomasse conta. Com um grito de determinação, ele avançou contra um dos atacantes, desferindo uma série de golpes rápidos que finalmente abriram a defesa do inimigo. Sua espada cortou o braço do homem, que recuou com um grito de dor.

—    Não desistam! — gritou Tao para os outros. — Lutem!

Mas a situação parecia cada vez mais desesperadora. Dois dos jovens guerreiros já estavam no chão, feridos, e os outros lutavam com dificuldade para se defender. Tao estava começando a sentir o cansaço em seus braços, cada golpe tornando-se mais pesado.

Foi então que ele ouviu novamente o sussurro familiar em sua mente. A entidade.

—    Use a Pérola… — a voz ecoou, fria e insistente.

Wang hesitou, desviando de um golpe enquanto processava as palavras. Ele sabia que a Pérola Celestial carregava um poder imenso, mas também sabia que usá-la poderia ter consequências imprevisíveis. Ele não queria recorrer a ela, mas as circunstâncias estavam se tornando cada vez mais desesperadoras.

—    Não posso! — murmurou para si mesmo, bloqueando outro ataque.

—    Você não tem escolha… — insistiu a entidade. — Se não usar o poder agora, todos morrerão.

Tao apertou os dentes, sentindo a pressão aumentar. Ele desviou de mais um golpe e, com um movimento rápido, derrubou um dos atacantes. Mas mais estavam vindo. Eles eram muitos, e o tempo estava se esgotando.

Finalmente, ele tomou uma decisão. Com um grito de raiva e determinação, ele ergueu a mão em direção à sua bolsa, onde a Pérola Celestial estava guardada. O brilho suave do artefato irradiou, iluminando a escuridão ao seu redor. Os atacantes recuaram momentaneamente, como se o poder da Pérola os tivesse surpreendido.

Tao sentiu a energia fluir através dele, um calor intenso que parecia invadir cada fibra de seu ser. Ele não sabia como controlar o poder, mas seguiu seu instinto. Com um movimento, apontou a Pérola em direção aos invasores. Uma onda de luz explodiu, varrendo a área com força.
 
Os atacantes gritaram, muitos sendo jogados para trás pela força da energia. Alguns fugiram, desaparecendo novamente nas sombras da floresta. Quando a luz finalmente se dissipou, o campo estava silencioso novamente.

Wang caiu de joelhos, ofegante. Ele olhou ao redor, vendo os outros jovens guerreiros se levantando lentamente. Tevan ainda estava no chão, mas seus ferimentos estavam sendo cuidados por Joren.

—    O que… o que foi isso? — perguntou Joren, olhando para Tao com olhos arregalados.

Tao segurou a Pérola em sua mão, sentindo o peso dela mais do que nunca.

—    Foi o que nos salvou — respondeu ele, sua voz baixa. — Mas também foi um aviso.

Feng está perto, mais perto do que pensamos.

Ele se levantou, sentindo o cansaço em cada músculo, mas também uma determinação renovada. Ele sabia que a batalha estava apenas começando, mas agora tinha ainda mais certeza de que precisava lutar. A vila dependia dele.

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