Flores de Gelo: O império caído Capitulo 7 - Parte II
A vila estava em ruínas. O cheiro de madeira queimada e carne chamuscada impregnava o ar. As chamas ainda dançavam nos restos carbonizados das cabanas, consumindo os últimos vestígios de um lugar que antes pulsava com magia e vida. Corpos espalhavam-se pelo chão, de bruxas jovens a anciãs, todos marcados pela destruição.
No centro do caos, os Mayas permaneciam de pé, impassíveis. A fuligem e ao sangue tingia o solo. O líder deles, uma figura imponente com olhos brilhantes como estrelas, observava a cena em silêncio, como se avaliasse o resultado de uma equação cuidadosamente planejada.
Atrás dele, a nave colossal estava pousada no campo, emitindo um zumbido grave que fazia o chão tremer. Sua superfície metálica refletia as chamas, tornando-a ainda mais surreal.
Um dos Mayas, menor e mais jovem, olhou ao redor com um vislumbre de dúvida.
- Eles não mereciam isso... - murmurou, sua voz baixa como o vento.
O líder virou-se lentamente, seu olhar cortante.
- Eles desafiaram o equilíbrio. A magia que cultivavam aqui ameaçava os pilares do universo. Nós fizemos o que era necessário.
A figura mais jovem abaixou a cabeça, incapaz de contestar.
Antes de entrar na nave, o líder deu um último passo à frente, parando em meio aos escombros. Ele ergueu o braço, e um símbolo gigantesco de luz dourada surgiu no céu, pairando acima da vila. Era uma mensagem clara, gravada para ser vista por qualquer um que ousasse buscar respostas ali.
"Voltaremos.
A palavra brilhava intensamente, como uma cicatriz deixada no céu, antes de se dissipar como pó de estrelas.
Os Mayas começaram a subir na nave, um a um, suas figuras reluzentes desaparecendo no brilho da entrada. Quando o último deles embarcou, o zumbido da nave se intensificou. Um raio de energia explodiu para o céu, engolindo a nave inteira e rasgando o horizonte noturno.
A vila permaneceu em chamas, o símbolo desaparecendo lentamente no céu escuro. Não havia mais vida, apenas cinzas e uma promessa que ecoava no vazio:
"Voltaremos.
As horas se arrastavam como dias, e logo, sete dias desde o ocorrido se passaram.
Klaus. Ainda buscava por Anya, mas quanto mais ele procurava mais o paradeiro da princesa parecia ser. Impossível de ser encontrado.
Indo na costa de Azuris, quase sem esperança alguma, viu um pano branco agarrado nas árvores. Ao observar melhor, notou que poderia ser algo de Anya. Mas suas dúvidas foram sanadas quando viu uma égua branca marcada com o brasão de Azuris comendo capim no horizonte.
O coração de Klaus acelerou. Anya tinha passado por ali.
Ele caminhou até Astrid. O animal levantou a cabeça ao perceber sua aproximação, relinchando suavemente, como se o reconhecesse. Klaus acariciou o focinho dela, mas sua mente estava em outro lugar. O que Anya estaria fazendo ali, tão perto do penhasco?
Ele avançou lentamente em direção à borda. A grama alta dançava ao sabor do vento, mas ali, bem na extremidade do abismo, algo chamou sua atenção. Manchas escuras e irregulares manchavam as pedras brancas. Sangue.
Seu coração gelou.
Klaus se ajoelhou, examinando os vestígios com cuidado. Ele olhou para baixo, para o
precipício, onde o mar enfurecido quebrava em rochas afiadas.
- Não... - murmurou, sua voz abafada pelo rugido das ondas.
Era impossível. Anya não teria saltado, mas algo - ou alguém - a fez cair. Ele tinha certeza disso.
A rainha havia sido clara: "Encontre minha filha, Klaus. Traga-a de volta a salvo." Agora, a busca se tornava ainda mais urgente. Ele se levantou, os punhos cerrados. Havia apenas uma possibilidade: Anya estava viva, mas fora levada para o mar.
O que ele sabia sobre essas águas não era animador. O oceano ao redor do reino era traiçoeiro, guardado por correntes perigosas e lendas antigas. Mas se havia uma chance de Anya estar em uma das ilhas ou no continente oposto, ele precisava tentar.
Astrid relinchou atrás dele, como que concordando com sua decisão. Klaus se virou para o animal, passando a mão em sua crina.
- Vou trazê-la de volta - prometeu, tanto para a égua quanto para si mesmo.
Ele precisava de um barco, mas os pescadores evitavam essas águas à noite, e o tempo era curto. Klaus sabia que a única solução seria roubar uma embarcação ou convencer alguém desesperado o suficiente para enfrentar o mar.
Sem olhar para trás, ele montou em Astrid.
- Segure firme, Anya - murmurou para o vento, enquanto cavalgava em direção à vila
costeira. - Estou indo te buscar.
Bem distante do ataque, se encontrava o reino de Azuris. Onde Luna e Rose acabaram de chegar.
- Querida, lembra do nosso plano? - Perguntou Luna, agachando para ficar na altura de sua filha.
- Irritar a rainha até ela perder o controle. Entendido! - Respondeu Rose animada.
- Isso mesmo. - Disse a rainha se levantando. - Tem certeza que quer fazer isso Rose, pode ser perigoso. - Questionou Luna.
- É pelo bem de Anya mami, precisamos fazer!
Indíce
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